sábado, 5 de junho de 2021

VEM

 


Vem. Abre a porta e entra.

Tira o casaco, põe na cadeira.

Tira os sapatos, deixa aí do lado.

Vem. Olha pra mim. Olha pra essa fêmea no cio deitada em sua cama. 

Olha minhas mãos. Elas estiveram de vadiagem pelo meu corpo enquanto você não vinha.

Vem pra cá. Como é bela a imagem de sua calça saturada pela tara. Gosto de pensar que dói deixá-lo assim prisioneiro.

Não tire suas roupas. Quero sentir o cheiro do seu suor, os vestígios do seu dia. Óleo, fumaça, combustível, perfume...

Ah, meu amado. Estou em plena erupção. Vou gozar, vou morrer, vou me desfazer deste corpo...minha buceta ainda me mata!

Vem, meu amor, querido. Paixão, garanhão. Sinta o cheiro do meu gozo.

Porque não me marca agora a ferro quente?

Porque não me doma?

Vem. Toma posse deste corpo obsceno e solitário.

Preenche-o.

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